Aviso
Cartuns para cinéfilos (14)
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
Prenda-me Se For Capaz
O Pagador de Promessas
Ghost, do Outro Lado da Vida
Outros cartuns para cinéfilos
O Pistonista
A campainha tocou. Abri a porta. Um homem baixo, de terno escuro se apresentou.
— Sou Geraldo, pistonista profissional. O senhor, por acaso, não estaria precisando de ouvir algumas músicas?
Estranhei. Era a primeira vez que um músico batia na minha porta com uma proposta desta, tão singular. Curiosamente, eu estava precisando ouvir algumas músicas. Convidei o músico a entrar. Ele entrou, sentou-se no sofá, retirou seu pistom da caixa preta e por vinte minutos me deleitou com as músicas do seu repertório e duas peças que sugeri e que ele prontamente atendeu.
Quando terminou, o pistonista guardou o seu instrumento na caixa preta.
— Quanto é? — perguntei.
— 200 reais — me respondeu.
— O senhor vai me desculpar — eu estava constrangido — mas eu só tenho 50 reais aqui comigo.
— Mais barato do que isso não pode ser — disse ele com uma delicadeza que não escondia uma ponta de gravidade. — Você sabe, eu sou um profissional, já executei o serviço.
Eu tinha que resolver o problema. Pedi ao pistonista que esperasse um pouco. Fui até o meu quarto e peguei a minha máquina de escrever. Voltei à sala e escrevi 150 reais de poemas, completando assim a quantia pedida pelo músico.
O pistonista guardou as cédulas e os poemas em sua carteira, pegou o seu pistom e se foi em busca de um novo freguês.
Cartuns para cinéfilos (13)
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
Alien, O Oitavo Passageiro
Assassinato no Expresso Oriente
Casablanca
Outros cartuns para cinéfilos
DE COMO LEVEI VANTAGEM NO DIA EM QUE FUI ASSALTADO
O assaltante apontou a arma para minha cabeça, e eu entreguei-lhe a carteira, o relógio e o celular. Mesmo já estando de posse de meus pertences, o canalha apertou o gatilho. Mas o revólver engasgou, e o tiro não saiu. O ladrão fugiu dizendo que eu tinha dado sorte. E, de fato, fui felizardo, mas não pelos motivos do bandido. No momento do tec metálico que a arma deu, toda a minha vida passou diante dos meus olhos, e eu vi, num pedaço desse flashback, onde estava escondido um livro do poeta Mário Quintana que eu já dava por perdido, depois de o ter procurado pela casa inteira.
OS TRICOTEIROS ANÔNIMOS
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
Virou moda tricotar para relaxar, evitar o estresse e unir pessoas para bate-papos descontraídos. Uma terapia, dizem. Parece uma coisa ingênua. Mas não é. Tanto é que, no Rio de Janeiro, já existe o T.A.: Tricoteiros Anônimos.
O T.A. atende exclusivamente homens que se viciam em tricô. Estes dependentes que levam suas agulhas e linhas para o trabalho e se escondem no banheiro para tricotar blusas, gorros, meias, sapatinhos de bebê. Muitos, tomados pelo vício, foram demitidos por faltarem ao trabalho. Os que tomam consciência do problema procuram o T.A. As reuniões são como as dos Alcoólicos Anônimos.
— Meu nome é Antonio Carlos e estou há cinco dias sem tricotar.
Palmas.
Alguns relatam como começaram e os problemas que tiveram. Como Luis Antonio:
— Eu estava estressado e já tinha observado que minha tia, tricoteira, era uma pessoa calma. Então, enquanto esperava minha esposa se arrumar para irmos a uma festa, dei meus primeiros pontos. Foi o bastante para ser fisgado pelo vício. Quando dei por mim, já tinha feito um xale inteiro. Nunca mais fui a festas com minha mulher. Preferia ficar em casa tricotando. Minha mulher arranjou um amante e me abandonou. Arrasado, fiquei três meses fechado em casa e fiz 120 casaquinhos de neném.
Outro depoimento; este, de Waltencir:
— Só me dei conta de que era um tricoteiro quando, de madrugada, uma de minhas agulhas quebrou e eu saí pelas ruas procurando uma loja aberta. Não encontrei. Eu fui preso por tentar roubar agulhas e lã da loja da qual era freguês.
Muitos se curam do vício. Mas é passo a passo, dia a dia... Muitos não resistem e têm recaídas que os deixam humilhados. O tricô é a porta de entrada para outros vícios. Muitos tricoteiros passam a fazer bainhas em calças, depois experimentam atividades consideradas mais difíceis: tornam-se viciados em corte-e-costura. Fazem saias, blusas e vestidos (de alcinha, com corpetes drapeados, com golas japonesas, enfeitados com miçangas e bordados de ponto cheio, ponto de cruz, consumindo linhas ilha-da-madeira, cairel, meadinhas. Isso quando não acontece de falecerem vítimas de overdose de sianinhas. Uma tragédia!
Cartuns para cinéfilos (12)
Taxi Driver e A Branca de Neve
O Iluminado
O Grande Ditador
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