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TE CONHEÇO DE ALGUM LUGAR

sexta-feira, 10 de julho de 2015


CRÔNICA POLICIAL

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014


CRÔNICA POLICIAL

O policial, depois de bater ponto,
Bate no preso que está abatido.
Porrada, choque, telefone, o batido de sempre.
Nesse dia sentiu tontura de tanta tortura.
Findo o expediente quando bateram as horas.
O policial bateu em retirada,
Batendo perna até o bar
Onde tomou uma batida.
E foi pra casa bater na mulher que ama,
Nos filhos e na sogra querida.
Depois bateu na cama.
De madrugada, bateu-lhe um enfarte.
A Morte bateu à sua porta
E o abateu em pleno sono.
E houve no velório um discurso de trezentas batidas
Feito pelo seu superior, que bateu continência,
Fazendo dele um herói da guerra suja.
Condecorou o torturador-padrão
Com as medalhas mezzo-Gestapo e mezzo-inquisição.
Era a Justiça póstuma dos poderes se fazendo.
Mas mesmo sob sete palmos de terra,
Dentro da sepultura fria,
O coração do policial ainda batia.

PENITENCIÁRIO

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013


            Ele era culpado. Ele mesmo tinha se julgado culpado. E ele mesmo se deu a sentença de 4 anos de reclusão. Então cavou um túnel, do lado de fora para dentro da prisão, e, sem que ninguém visse, se encarcerou numa cela.  E, quando descobriram, já tinha cumprido a pena.
            Vasculharam todos os papéis, processos e arquivos da burocracia judiciária e carcerária e nada encontraram. Não sabiam por que aquele homem permanecera detido durante 4 anos.
            — Processe a União. Você ficou 4 anos preso sem ter culpa formada — disseram ao soltá-lo.
            O ex-presidiário sorriu e disse:
            — Ninguém me deve nada. Eu não devo nada.
            E ganhou a rua e a liberdade, quite com a sociedade e consigo mesmo. Devia uma explicação, mas isso ele pagaria depois. 

O AMOR E OUTROS OBJETOS PERFUROCORTANTES 3

sexta-feira, 14 de junho de 2013



1. AME E SEJA PATÉTICO.

- Está mais magro.
- Claro. Estou vivendo apenas com as migalhas do seu amor.


2. AME E SEJA PACIENTE DELA E DE UM CIRURGIÃO.

Procure o amor como um Templário procura o Santo Graal.
Procure o amor como um alquimista procura a pedra filosofal que irá  transformar o coração dela que é de carne em ouro.
Faça isso, mas também procure um cirurgião plástico; porque você vai quebrar a cara.


3. AME O AMOR IMPOSSÍVEL  E PROCURE A RIMA CERTA PARA ENCIUMADO.

O ciúme que advém de um amor impossível porque ela ama outro me faz um sem-terra
E eu tenho vontade de invadi-la
O ciúme faz de mim um paraquedista e salto no vazio sem paraquedas
O ciúme faz de mim um noiado procurando a droga adicto que é vê-la
O ciúme é uma ferrugem, daí a fadiga de material – e este corpo fatigado
O ciúme me faz olhar o dicionário
E lá está a palavra esperança entre  espera e esperançado
Esperançado que rima com:
Desvairado
Bagunçado
Bitolado
Exasperado
Agoniado
E também com a rima que encerraria este trágico poema, mas que eu me recuso a admitir: conformado.                                              


4. AME O OBJETO OBSCURO DE SEU AMOR E SE DESGRACE.

Ele dizia que bebia porque ela se fora.
Ela voltou e ele parou de beber.
Mas faltava algo e não deu certo, novamente ela se foi.
Ele ficou até mais feliz, eu entendo, há homens assim:
Ele gostava mais de beber por ela do que estar com ela.                  




O AMOR E OUTROS OBJETOS PERFUROCORTANTES 2

quinta-feira, 6 de junho de 2013



1. NELSONRODRIGUEANA

Estava no taxi pensando que a minha vida afetiva está tão rasa que uma formiga pode atravessá-la com água pelas canelas, quando pela janela vi num carro ao lado, no banco traseiro, um menino. Ele fez um revólver com os dedos e mirou em mim, mas não atirou, ele sabia que eu já estava morto.



2. FÁBULA DAS MULHERES FABULOSAS

Ândrocles, um escravo, tirou um espinho da pata do leão que, livre da dor, o amou para sempre. Anos depois Ândrocles deu de cara com o mesmo leão quando foi jogado numa arena para ser devorado por uma fera. A fera era o  leão que o reconheceu e não o comeu. É o que diz a fábula.
Entre homens e mulheres é  diferente. Você encontra uma mulher e tira o espinho do seu coração, ela, livre da dor, te devora e quando vai embora coloca o espinho em teu coração. Anos depois você dá de cara com a mesma mulher e ela não tira o espinho, se você bobear, coloca outro.


3. GEOMETRIA

Eu e ela combinamos: cada um no seu quadrado. Mas logo ela se mudou para o meu quadrado; e trouxe a redonda da mãe, o octógono do pai, o trapézio do irmão e, o Ricardão, claro, pois não poderia faltar o raio do clichê do triângulo.



4. CACHORROS

“Levo uma vida invisível nessa casa.Você não se preocupa comigo, com meus quereres, meu trabalho, minhas coisas...”
Ela se foi e eu fiquei só com o cachorro. Não me lembrava o nome do animal e passei a chamá-lo de Deixado Júnior, já que eu fora o primeiro a ser deixado. Não quis falar mal dela na frente do bicho pois, eu acreditava,  devia amá-la;  este pacto de silêncio entre mim e o cão me fez forte e me ajudou a superar a perda.
Meses depois a encontrei e agradeci por ter deixado o cachorro comigo. “Que cachorro?”ela perguntou.
O vira-lata deve ter entrado na casa no dia da mudança, quando ela se foi. Bem, ela tinha razão: levava uma vida invisível na casa, eu nunca me preocupei com ela, com seus quereres, seu trabalho, etc. Eu nem sabia que ela não tinha um cachorro.



5. CONSELHO SENTIMENTAL QUE NINGUÉM PEDIU

Uma declaração para uma pessoa que não sabe do seu amor pode ser como uma guimba de cigarro atirada na floresta. Duas coisas podem acontecer. Uma: a floresta pode ficar indiferente olhando a guimba com desdém até ela se apagar. Duas: a guimba pode provocar um incêndio.



6. COMPENSAÇÕES DE UMA PAIXÃO


A minha dor de cotovelo serviu para alguém. Não para mim que ainda continuo tomando todas por Edna; tampouco serviu pra ela, que nunca voltou para mim. Mas posso afirmar que com o dinheiro que gastei no boteco, deu para o dono, o seu Teixeira, construir um puxadinho nos fundos da casa dele.

O AMOR E OUTROS OBJETOS PERFUROCORTANTES

quarta-feira, 22 de maio de 2013





sexta-feira, 12 de abril de 2013

APRENDI A DIZER NÃO


André tem o cacoete de dizer “não” a tudo que lhe perguntam. Todos os analistas que consultou disseram se tratar de um trauma, seja lá o que isso quer dizer. Mas os 14 deram diagnósticos diferentes da origem do problema que ia desde a negação do complexo de Édipo, negativismo crônico até a retenção anal – seja lá o que isso quer dizer. André resolveu conviver como problema, aliás, problemas, pois são muitos e diários porque o mundo é cheio de perguntas.
Eis algumas situações pelas quais André passou.

1
 – Pode me dizer as horas?
–  Não.
 O senhor não tem relógio, é isso?
 Não. Sim, tenho relógio. São oito e quinze.
 Por que então disse não?
 Não.
 Disse. O senhor falou “não” de cara. Isso é muito antipático.
 Não. É que eu tenho este cacoete de dizer “não” a toda pergunta que me fazem.
 Que chato.
 Não. Sim, é chato. Tenho isso desde que comecei a falar. Por isso fui uma criança desnutrida. Me ofereciam comida e eu dizia “não”.
 Entendi. Bem, tenha um bom dia.
 Não.

2
– Seu nome é André e o senhor veio se candidatar ao cargo de gerente?
– Não. Sim. Meu currículo me qualifica para essa vaga.
– Vejo aqui no seu currículo que o senhor não para muito no emprego. O senhor é um empregado problema?
– Não. É que eu tenho este cacoete de dizer “não” a todas as perguntas que me fazem e isso causa problema de comunicação no ambiente de trabalho.
– Pode dar um exemplo?
– Não. Posso, sim. Uma vez fui fechar um negócio importante para a minha antiga firma. O executivo que ia assinar o contrato falou: “André, diga numa palavra se este é um bom negócio para mim”. Eu disse “não”, mas ia completar que sim, era excelente, etc., mas o executivo se levantou e não assinou o contrato.
– André, me pergunta se eu vou dar esse emprego pra você?
– Não. Vai dar?
– Não.

3
Ela era atriz, a gostosa da vez em todas as mídias.
–André, tô a fim de transar com você e não aceito “não” como resposta.
André, que não é bobo, balançou a cabeça dizendo sim.
– André, foi bom pra você?
– Não.
– NÃO?????!!!!!
Coitado do André.

Grupos e bichos

quarta-feira, 2 de maio de 2012

 O Brasil foi descoberto em 22 de abril.
– 22 é tigre.
 Aí veio Tiradentes, que na inconfidência foi o bode expiatório.
– Bode não tem, tem que jogar no carneiro.
 Logo depois veio Dom Pedro I que declarou a independência às margens do Rio Ipiranga.
– Rio? Então é jacaré.
 Depois o Marechal Deodoro instituiu a república montado num cavalo.
– Cavalo é 11.
 Depois surgiu Getúlio Vargas que era cobra criada.
– Cobra é 9.
 Veio o golpe militar: um elefante numa loja de louça, quebrando tudo.
– Elefante é 12.
 Depois veio o Collor, que era um pavão.
– Pavão é 19.
 Veio o Sarney que tá sempre pulando de galho em galho.
– Macaco velho: 17.
 Aí veio Lula com o PT.
– PT é 13. Galo. Lula cantou de galo mesmo.
 E taí a Dilma, uma águia.
– Águia é número 2.
 E tudo desaguou na CPI do bicheiro Cachoeira. Mas a CPI vai ver o que quiser, quando não quiser vai enterrar a cabeça na areia, que nem avestruz.
– Avestruz é 1.
 E tudo vai dar em nada, e daqui a pouco estão todos de volta na política porque político tem sete vidas.
– 7 vidas? É gato.
 E o eleitor acaba elegendo essa gente de novo. O que é que nós somos?
– Burros. Por falar em burro, burro é 3. O senhor vai jogar em que bicho?

Politicamente correto

quinta-feira, 15 de março de 2012

O politicamente correto é a censura que não ousa dizer o nome.

Antigamente medir as palavras era um termo que se usava para você não melindrar as pessoas. A gente media, se fosse o caso, e todos ficavam felizes. Hoje jogaram um inseticida no dicionário e mataram milhares de palavras. O Politicamente Correto inventou o palavricídio. Matam palavras como se matam baratas. Essa palavra não pode mais, essa palavra é ofensiva e vamos te processar e ganhar dinheiro às suas custas. É a indústria do processo.

Não posso falar aleijado, tenho que falar cadeirante. Não tinham palavra melhor? Cadeirante. Parece um cara que não pode ver uma cadeira que vai lá e se senta. Dá idéia de preguiçoso. Cairia bem num filme policial. “Tira essa bunda gorda daí e vamos prender o bandido, seu cadeirante”. Ou numa repartição pública: ele é um funcionário cadeirante, o paletó dele está na cadeira e ele voando por aí.

O meu medo é que essas novas ordens gramaticais se tornem retroativas e alcancem as grandes músicas do nosso cancioneiro.
Imagine como seria a música do Jorge Bem:
“A banda do José afrodescente no diminutivo – no sentido carinhoso, não depreciativo – chegou/ para animar a festa/ Zambá, zambé, zambi,zambó, zambu... Esse esse esse é o José Afrodescendentinho...”

Não dá.
Afrodescendente do cabelo antes da chapinha/ qualé o pente que te penteia?/ qualé o pente que te penteia?

Sucesso da Elis Regina:
“Hoje cedo, na rua do Ouvidor/ quantos caucasianos eu vi/ Eu quero um afrodescente de cor... Ô Deus afrodescente... do Congo, ou daqui...”

A música Amélia do Ataulfo Alves e Mario Lago, depois da lei Maria da Penha, foi colocada numa cápsula do tempo e explodida no espaço. Lembram? Amélia achava bonito não ter o que comer. Esse trecho deveria ser o hino das anorexas ou bulímicas.

Favela também não pode. Hoje tem que dizer comunidade. Gente, comunidade não dá samba. Imaginem músicas recicladas.
“A comunidade não tem vez/ e o que ela fez/já foi demais/ mas olhem bem vocês/ quando derem vez a comunidade toda a cidade vai cantar, vai cantar...”
Parece propaganda do Governo.

“Tristeza, mora na comunidade/ às vezes ela sai por aí...”

“Eu sou o samba/ a voz da comunidade sou eu mesmo sim, senhor...”

É por isso que reclamam que os bons sambam morreram. Claro. (Disse claro, mas não estou discriminando os escuros e os pardos)

OS TRICOTEIROS ANÔNIMOS

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Virou moda tricotar para relaxar, evitar o estresse e unir pessoas para bate-papos descontraídos. Uma terapia, dizem. Parece uma coisa ingênua. Mas não é. Tanto é que, no Rio de Janeiro, já existe o T.A.: Tricoteiros Anônimos.

O T.A. atende exclusivamente homens que se viciam em tricô. Estes dependentes que levam suas agulhas e linhas para o trabalho e se escondem no banheiro para tricotar blusas, gorros, meias, sapatinhos de bebê. Muitos, tomados pelo vício, foram demitidos por faltarem ao trabalho. Os que tomam consciência do problema procuram o T.A. As reuniões são como as dos Alcoólicos Anônimos.

— Meu nome é Antonio Carlos e estou há cinco dias sem tricotar.
Palmas.

Alguns relatam como começaram e os problemas que tiveram. Como Luis Antonio:

— Eu estava estressado e já tinha observado que minha tia, tricoteira, era uma pessoa calma. Então, enquanto esperava minha esposa se arrumar para irmos a uma festa, dei meus primeiros pontos. Foi o bastante para ser fisgado pelo vício. Quando dei por mim, já tinha feito um xale inteiro. Nunca mais fui a festas com minha mulher. Preferia ficar em casa tricotando. Minha mulher arranjou um amante e me abandonou. Arrasado, fiquei três meses fechado em casa e fiz 120 casaquinhos de neném.

Outro depoimento; este, de Waltencir:

— Só me dei conta de que era um tricoteiro quando, de madrugada, uma de minhas agulhas quebrou e eu saí pelas ruas procurando uma loja aberta. Não encontrei. Eu fui preso por tentar roubar agulhas e lã da loja da qual era freguês.
Muitos se curam do vício. Mas é passo a passo, dia a dia... Muitos não resistem e têm recaídas que os deixam humilhados. O tricô é a porta de entrada para outros vícios. Muitos tricoteiros passam a fazer bainhas em calças, depois experimentam atividades consideradas mais difíceis: tornam-se viciados em corte-e-costura. Fazem saias, blusas e vestidos (de alcinha, com corpetes drapeados, com golas japonesas, enfeitados com miçangas e bordados de ponto cheio, ponto de cruz, consumindo linhas ilha-da-madeira, cairel, meadinhas. Isso quando não acontece de falecerem vítimas de overdose de sianinhas. Uma tragédia!

Historias encolhidas (2)

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

O TATUADO TATUAGEM

Então era aventureiro e gostava de viagens e de viver perigosamente e estivera em guerrilhas na América Central e foi mercenário na África e fez contrabando no Paraguai e combateu contrabandistas em Mato Grosso e foi garimpeiro e procurou por todo mundo sinais de extraterrestres e alçava grandes vôos dentro da vida e por isso levava no braço direito uma águia tatuada.
E um dia ele atracou numa mesa de bar de onde via, em frente, no porto, os navios chegarem e partirem. Ele ficava. O mar já não lhe sugeria mistérios, não ouvia mais os apelos das aventuras. As estradas, ele sabia, o levariam de volta àquela mesa, àquele bar onde passava os dias bebendo e sentindo o braço direito doer um pouco. A águia tatuada, inconformada, se debatia e tentava se desprender do seu braço. E ela conseguiu. O homem viu, com tristeza, a águia voar até sumir. Ele sabia que isso iria acontecer, pois o tatuador lhe dissera: — Você não tem tatuagem, a tatuagem é que tem você.

Historias encolhidas (1)

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

DESPEDIDA DE SANTO

O santo queria deixar de ser santo
Para tanto, organizou uma orgia
Chamou amigos, santas e sacripantas
Para uma bacanal que duraria dias e dias.

O santo tinha feito um balanço
De seus milagres e curas
Deu saldo positivo,
Para ficar no negativo
Praticou oito coitos e nove curras.

Cansei-me de ser aquele beato
Que ao mijar no meio do mato
Faz as flores ficarem mais belas.
Que ao cagar no chão – na maior agrura –
Vem depois um leproso, pisa e o pé se cura.

Transformar água em vinho, que me interessa?
Se nem sou sommelier
Curar aleijados, fazer um cego enxergar?
Grandes coisas pra quem é do metier
Faço isso e outras causas nobres
Sem dinheiro do governo
Sem pedir voto aos pobres.

Por ser um santo remédio
Ouço o tempo todo obrigados
Por graças que dou de graça
Isso me mata de vergonha,
Morro muito mais de tédio
Juro que constrangido eu fico.
Por Deus! Meu ouvido não é penico!

E o santo brasileiro
Tão assediado pelos fiéis
Tão casto e tão com tudo
Não é mais milagreiro
Deixou os bons, não foi pros cruéis.
Foi ser normal, como todo mundo.

O Reizinho

terça-feira, 18 de agosto de 2009



Não, não é o Sarney. É o Reizinho, personagem dos quadrinhos. Já o Sarney é um personagem que precisa ser enquadrado.

Livros que fizeram a cabeça pintada do Sarney

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009


A revista "Serafina" da Folha pediu ao senador José Sarney que indicasse os livros que marcaram sua vida. Eis a lista.
1 - O BREJAL DOS GUAJAS - (onde o autor, ele mesmo, mostra o brejo para onde levou a vaca Brasil.
2 - O PRÍNCIPE- de Maquiavel - (Sarney não leu, mas o cita para ficar bem com os acadêmicos da Academia Brasileira de Sopa de Letras).
3 - MACUNAÍMA - de Mário de Andrade - (por causa do herói sem nenhum caráter)
4 - O PODEROSO CHEFÃO - de Mario Puzo - (O senador acha que ele, Sarney, é uma mistura do Chefão feito no cinema pelo Marlon Brando com Sony, o filho merda da história)
5 - FORREST GUMP - de Winston Groon - (gosta deste porque o livro mostra que os sonsos podem ser heróis).
6 - BOSTA NÃO AFUNDA - Nome carinhoso dado ao estatuto do PMDB.
7 - FAGUNDES, O PUXA-SACO - de Laerte.
8 - COMO NÃO LARGAR O OSSO - do cachorro Rin Tim Tim.
9 - O LIVRO DA TINTURA CAPILAR - do cabeleireiro Rudy.
10 - ANTOLOGIA DE MÁRIO QUINTANA - Sarney gosta do verso "eles passarão, eu passarinho" - só que para ele o passarinho é o vira-bosta.

Duas ou 14 coisas que sei de humor

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

– Humor é mau humor. – Millôr Fernandes.
– Humorismo é a arte de fazer cócegas no raciocínio dos outros. – Leon Eliachar.
– Humor é um grande amor pela humanidade. – Mark Twain.
– Humor é um alienável bem democrático. – Do prefácio do livro Hay Gobierno? (Jaguar, Claudius e Fortuna).
E eu gosto muito dessa frase do Wander Piroli que diz: - Quem não ri, não presta.
Já eu, Nani, Ernani Diniz Lucas, tenho duas frases sobre o tema que direi no decorrer desta minha palestra. A primeira:
– O humor é o menor caminho entre duas pessoas.
Explico dizendo que depois de vermos a luz, depois da comida, a segunda coisa que encontramos é o humor. Porque o que os pais mais querem é que o seu bebê sorria. Daí ficarem fazendo caretas feito palhaços e dizendo coisas como: “bilu bilu... cadê o sorriso do neném? Zenta zenta, ê é bunitinho demais, gente” – e outras gaiatices.


Isaac Asimov disse que a frase mais emocionante de ouvir na ciência, a que anuncia novas descobertas –– não é “EUREKA”(achei), mas ... ENGRAÇADO! O cientista olha, tem o clic! E diz “ENGRAÇADO!” “Estava aí o tempo todo e só agora que eu descobri. Engraçado...”
O que aconteceu foi a alegria da descoberta. A capacidade da mente de passar de um enquadramento a outro, que foi a abertura crucial para resolver o paradoxo.
O humor não faz isso também? O que leva a pessoa a rir de uma piada? É a descoberta, ou o mecanismo que leva o raciocínio a enxergar o que estava ali o tempo todo. Quantas vezes ao ver uma charge o leitor diz: é isso aí. Disse tudo. Isso é a pura verdade.
É a verdade que nos faz achar... engraçado.
É por isso que eu digo que charge é a quarta leitura que se faz num jornal. Primeiro o leitor vê a manchete, depois ele lê a notícia, depois lê o comentário do editorial ou de um colunista e depois vem a quarta leitura, que é a da charge; e esta é a quarta leitura. Às vezes a charge vai até na contra-mão da opinião do jornal, mas é a leitura mais verdadeira. O leitor vê lá a caricatura do político: é um rato, ta roubando. É, o cara é ladrão mesmo. Mas foi a mecânica da piada, que escancarou o que ele pensava ou já sabia. E ele ri porque ali está uma verdade. Estava ali o tempo todo. Engraçado...
É por isso que a charge é tão essencial. O leitor está ali, lendo um jornal, que é uma janela que o coloca de frente para vários crimes, aliás, para todos os crimes do mundo e ele se depara com o humor.
E é aí que entra a segunda frase minha sobre humor:
O ser humano precisa de humor para não morrer de realidade.