Aviso
CRÔNICA POLICIAL
sexta-feira, 31 de janeiro de 2014
CRÔNICA POLICIAL
PENITENCIÁRIO
quarta-feira, 4 de dezembro de 2013
O AMOR E OUTROS OBJETOS PERFUROCORTANTES 3
sexta-feira, 14 de junho de 2013
O AMOR E OUTROS OBJETOS PERFUROCORTANTES 2
quinta-feira, 6 de junho de 2013
1. NELSONRODRIGUEANA
sexta-feira, 12 de abril de 2013
APRENDI A DIZER NÃO
Grupos e bichos
quarta-feira, 2 de maio de 2012
Politicamente correto
quinta-feira, 15 de março de 2012
O politicamente correto é a censura que não ousa dizer o nome.
Antigamente medir as palavras era um termo que se usava para você não melindrar as pessoas. A gente media, se fosse o caso, e todos ficavam felizes. Hoje jogaram um inseticida no dicionário e mataram milhares de palavras. O Politicamente Correto inventou o palavricídio. Matam palavras como se matam baratas. Essa palavra não pode mais, essa palavra é ofensiva e vamos te processar e ganhar dinheiro às suas custas. É a indústria do processo.
Não posso falar aleijado, tenho que falar cadeirante. Não tinham palavra melhor? Cadeirante. Parece um cara que não pode ver uma cadeira que vai lá e se senta. Dá idéia de preguiçoso. Cairia bem num filme policial. “Tira essa bunda gorda daí e vamos prender o bandido, seu cadeirante”. Ou numa repartição pública: ele é um funcionário cadeirante, o paletó dele está na cadeira e ele voando por aí.
O meu medo é que essas novas ordens gramaticais se tornem retroativas e alcancem as grandes músicas do nosso cancioneiro.
Imagine como seria a música do Jorge Bem:
“A banda do José afrodescente no diminutivo – no sentido carinhoso, não depreciativo – chegou/ para animar a festa/ Zambá, zambé, zambi,zambó, zambu... Esse esse esse é o José Afrodescendentinho...”
Não dá.
Afrodescendente do cabelo antes da chapinha/ qualé o pente que te penteia?/ qualé o pente que te penteia?
Sucesso da Elis Regina:
“Hoje cedo, na rua do Ouvidor/ quantos caucasianos eu vi/ Eu quero um afrodescente de cor... Ô Deus afrodescente... do Congo, ou daqui...”
A música Amélia do Ataulfo Alves e Mario Lago, depois da lei Maria da Penha, foi colocada numa cápsula do tempo e explodida no espaço. Lembram? Amélia achava bonito não ter o que comer. Esse trecho deveria ser o hino das anorexas ou bulímicas.
Favela também não pode. Hoje tem que dizer comunidade. Gente, comunidade não dá samba. Imaginem músicas recicladas.
“A comunidade não tem vez/ e o que ela fez/já foi demais/ mas olhem bem vocês/ quando derem vez a comunidade toda a cidade vai cantar, vai cantar...”
Parece propaganda do Governo.
“Tristeza, mora na comunidade/ às vezes ela sai por aí...”
“Eu sou o samba/ a voz da comunidade sou eu mesmo sim, senhor...”
É por isso que reclamam que os bons sambam morreram. Claro. (Disse claro, mas não estou discriminando os escuros e os pardos)
OS TRICOTEIROS ANÔNIMOS
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
Virou moda tricotar para relaxar, evitar o estresse e unir pessoas para bate-papos descontraídos. Uma terapia, dizem. Parece uma coisa ingênua. Mas não é. Tanto é que, no Rio de Janeiro, já existe o T.A.: Tricoteiros Anônimos.
O T.A. atende exclusivamente homens que se viciam em tricô. Estes dependentes que levam suas agulhas e linhas para o trabalho e se escondem no banheiro para tricotar blusas, gorros, meias, sapatinhos de bebê. Muitos, tomados pelo vício, foram demitidos por faltarem ao trabalho. Os que tomam consciência do problema procuram o T.A. As reuniões são como as dos Alcoólicos Anônimos.
— Meu nome é Antonio Carlos e estou há cinco dias sem tricotar.
Palmas.
Alguns relatam como começaram e os problemas que tiveram. Como Luis Antonio:
— Eu estava estressado e já tinha observado que minha tia, tricoteira, era uma pessoa calma. Então, enquanto esperava minha esposa se arrumar para irmos a uma festa, dei meus primeiros pontos. Foi o bastante para ser fisgado pelo vício. Quando dei por mim, já tinha feito um xale inteiro. Nunca mais fui a festas com minha mulher. Preferia ficar em casa tricotando. Minha mulher arranjou um amante e me abandonou. Arrasado, fiquei três meses fechado em casa e fiz 120 casaquinhos de neném.
Outro depoimento; este, de Waltencir:
— Só me dei conta de que era um tricoteiro quando, de madrugada, uma de minhas agulhas quebrou e eu saí pelas ruas procurando uma loja aberta. Não encontrei. Eu fui preso por tentar roubar agulhas e lã da loja da qual era freguês.
Muitos se curam do vício. Mas é passo a passo, dia a dia... Muitos não resistem e têm recaídas que os deixam humilhados. O tricô é a porta de entrada para outros vícios. Muitos tricoteiros passam a fazer bainhas em calças, depois experimentam atividades consideradas mais difíceis: tornam-se viciados em corte-e-costura. Fazem saias, blusas e vestidos (de alcinha, com corpetes drapeados, com golas japonesas, enfeitados com miçangas e bordados de ponto cheio, ponto de cruz, consumindo linhas ilha-da-madeira, cairel, meadinhas. Isso quando não acontece de falecerem vítimas de overdose de sianinhas. Uma tragédia!
Historias encolhidas (2)
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
O TATUADO TATUAGEM
Então era aventureiro e gostava de viagens e de viver perigosamente e estivera em guerrilhas na América Central e foi mercenário na África e fez contrabando no Paraguai e combateu contrabandistas em Mato Grosso e foi garimpeiro e procurou por todo mundo sinais de extraterrestres e alçava grandes vôos dentro da vida e por isso levava no braço direito uma águia tatuada.
E um dia ele atracou numa mesa de bar de onde via, em frente, no porto, os navios chegarem e partirem. Ele ficava. O mar já não lhe sugeria mistérios, não ouvia mais os apelos das aventuras. As estradas, ele sabia, o levariam de volta àquela mesa, àquele bar onde passava os dias bebendo e sentindo o braço direito doer um pouco. A águia tatuada, inconformada, se debatia e tentava se desprender do seu braço. E ela conseguiu. O homem viu, com tristeza, a águia voar até sumir. Ele sabia que isso iria acontecer, pois o tatuador lhe dissera: — Você não tem tatuagem, a tatuagem é que tem você.
Historias encolhidas (1)
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
DESPEDIDA DE SANTO
O santo queria deixar de ser santo
Para tanto, organizou uma orgia
Chamou amigos, santas e sacripantas
Para uma bacanal que duraria dias e dias.
O santo tinha feito um balanço
De seus milagres e curas
Deu saldo positivo,
Para ficar no negativo
Praticou oito coitos e nove curras.
Cansei-me de ser aquele beato
Que ao mijar no meio do mato
Faz as flores ficarem mais belas.
Que ao cagar no chão – na maior agrura –
Vem depois um leproso, pisa e o pé se cura.
Transformar água em vinho, que me interessa?
Se nem sou sommelier
Curar aleijados, fazer um cego enxergar?
Grandes coisas pra quem é do metier
Faço isso e outras causas nobres
Sem dinheiro do governo
Sem pedir voto aos pobres.
Por ser um santo remédio
Ouço o tempo todo obrigados
Por graças que dou de graça
Isso me mata de vergonha,
Morro muito mais de tédio
Juro que constrangido eu fico.
Por Deus! Meu ouvido não é penico!
E o santo brasileiro
Tão assediado pelos fiéis
Tão casto e tão com tudo
Não é mais milagreiro
Deixou os bons, não foi pros cruéis.
Foi ser normal, como todo mundo.
O Reizinho
terça-feira, 18 de agosto de 2009
Livros que fizeram a cabeça pintada do Sarney
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
A revista "Serafina" da Folha pediu ao senador José Sarney que indicasse os livros que marcaram sua vida. Eis a lista.
1 - O BREJAL DOS GUAJAS - (onde o autor, ele mesmo, mostra o brejo para onde levou a vaca Brasil.
2 - O PRÍNCIPE- de Maquiavel - (Sarney não leu, mas o cita para ficar bem com os acadêmicos da Academia Brasileira de Sopa de Letras).
3 - MACUNAÍMA - de Mário de Andrade - (por causa do herói sem nenhum caráter)
4 - O PODEROSO CHEFÃO - de Mario Puzo - (O senador acha que ele, Sarney, é uma mistura do Chefão feito no cinema pelo Marlon Brando com Sony, o filho merda da história)
5 - FORREST GUMP - de Winston Groon - (gosta deste porque o livro mostra que os sonsos podem ser heróis).
6 - BOSTA NÃO AFUNDA - Nome carinhoso dado ao estatuto do PMDB.
7 - FAGUNDES, O PUXA-SACO - de Laerte.
8 - COMO NÃO LARGAR O OSSO - do cachorro Rin Tim Tim.
9 - O LIVRO DA TINTURA CAPILAR - do cabeleireiro Rudy.
10 - ANTOLOGIA DE MÁRIO QUINTANA - Sarney gosta do verso "eles passarão, eu passarinho" - só que para ele o passarinho é o vira-bosta.
Duas ou 14 coisas que sei de humor
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
– Humor é mau humor. – Millôr Fernandes.
– Humorismo é a arte de fazer cócegas no raciocínio dos outros. – Leon Eliachar.
– Humor é um grande amor pela humanidade. – Mark Twain.
– Humor é um alienável bem democrático. – Do prefácio do livro Hay Gobierno? (Jaguar, Claudius e Fortuna).
E eu gosto muito dessa frase do Wander Piroli que diz: - Quem não ri, não presta.
Já eu, Nani, Ernani Diniz Lucas, tenho duas frases sobre o tema que direi no decorrer desta minha palestra. A primeira:
– O humor é o menor caminho entre duas pessoas.
Explico dizendo que depois de vermos a luz, depois da comida, a segunda coisa que encontramos é o humor. Porque o que os pais mais querem é que o seu bebê sorria. Daí ficarem fazendo caretas feito palhaços e dizendo coisas como: “bilu bilu... cadê o sorriso do neném? Zenta zenta, ê é bunitinho demais, gente” – e outras gaiatices.
Isaac Asimov disse que a frase mais emocionante de ouvir na ciência, a que anuncia novas descobertas –– não é “EUREKA”(achei), mas ... ENGRAÇADO! O cientista olha, tem o clic! E diz “ENGRAÇADO!” “Estava aí o tempo todo e só agora que eu descobri. Engraçado...”
O que aconteceu foi a alegria da descoberta. A capacidade da mente de passar de um enquadramento a outro, que foi a abertura crucial para resolver o paradoxo.
O humor não faz isso também? O que leva a pessoa a rir de uma piada? É a descoberta, ou o mecanismo que leva o raciocínio a enxergar o que estava ali o tempo todo. Quantas vezes ao ver uma charge o leitor diz: é isso aí. Disse tudo. Isso é a pura verdade.
É a verdade que nos faz achar... engraçado.
É por isso que eu digo que charge é a quarta leitura que se faz num jornal. Primeiro o leitor vê a manchete, depois ele lê a notícia, depois lê o comentário do editorial ou de um colunista e depois vem a quarta leitura, que é a da charge; e esta é a quarta leitura. Às vezes a charge vai até na contra-mão da opinião do jornal, mas é a leitura mais verdadeira. O leitor vê lá a caricatura do político: é um rato, ta roubando. É, o cara é ladrão mesmo. Mas foi a mecânica da piada, que escancarou o que ele pensava ou já sabia. E ele ri porque ali está uma verdade. Estava ali o tempo todo. Engraçado...
É por isso que a charge é tão essencial. O leitor está ali, lendo um jornal, que é uma janela que o coloca de frente para vários crimes, aliás, para todos os crimes do mundo e ele se depara com o humor.
E é aí que entra a segunda frase minha sobre humor:
O ser humano precisa de humor para não morrer de realidade.