CRÔNICA POLICIAL
O
policial, depois de bater ponto,
Bate
no preso que está abatido.
Porrada,
choque, telefone, o batido de sempre.
Nesse
dia sentiu tontura de tanta tortura.
Findo
o expediente quando bateram as horas.
O
policial bateu em retirada,
Batendo
perna até o bar
Onde
tomou uma batida.
E
foi pra casa bater na mulher que ama,
Nos
filhos e na sogra querida.
Depois
bateu na cama.
De
madrugada, bateu-lhe um enfarte.
A
Morte bateu à sua porta
E
o abateu em pleno sono.
E
houve no velório um discurso de trezentas batidas
Feito
pelo seu superior, que bateu continência,
Fazendo
dele um herói da guerra suja.
Condecorou
o torturador-padrão
Com
as medalhas mezzo-Gestapo e mezzo-inquisição.
Era
a Justiça póstuma dos poderes se fazendo.
Mas
mesmo sob sete palmos de terra,
Dentro
da sepultura fria,
O
coração do policial ainda batia.
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