Uma turma de intelectuais que se reunia sempre num bar que um deles abriu por hobby chamado Encouraçado Botequim resolveu fazer um bloco para sair no carnaval. Eram todos senhores gordos com suas mulheres (quase) todas gordas. Compraram os instrumentos: caixas, tamborins, pandeiros, cuícas, surdão, agogô, reco-reco, etc. As mulheres combinaram que sairiam vestidas com roupas romanas estilizadas fazendo a ala das Messalinas de Rubens. O problema maior foi arranjar o nome do bloco.
– Filhos de Kant – sugeriu Douglas – Lembra “Filhos de Ghandi. Sacaram? – A sugestão levou vaias. A turma da psicanalise sugeriu: “Freud em Viena Com Viagra” e “ Amigo Urso Bipolar”. Ninguém gostou.
Os economistas buscaram inspiração no economês:
– “Ótimos de Pareto”– nome sacado por Heleno, professor de economia da PUC, foi recusado. Anísio do BNDES tentou emplacar “Laissez-faire, laissez passer”. Ou só “Laissez Passer”– Ele tentou defender também a tradução: “Deixa Passar”. Mas o nome foi eliminado por parecer que era bloco de passadeiras de roupa.
Um outro economista gritou: “Stop and Go”. Que alguém, traduzindo e abrasileirando perguntou: – Porque não “Vai Não Vai?” Mas era popular demais para aquela turma.
Ceará, o garçom, disse baixinho para Suzana: – Nome de bloco é “Xupa Mas Não Baba”, “Sovaco de Cristo”, “Vem Ni Mim Que Eu Sou Facinha”... essas coisas.
Frederico, professor de História, concordou que tinha que ter erotismo e sugeriu:
– “Emigrantes de Sodoma”. Houve vaias, mas obteve 4 votos.
– Vocês pensam demais – comentou o garçom.
Isso fez alguém comentar: “Penso, logo existo”. E como o filósofo foi lembrado, Bernardo, sociólogo, concordou com Ceará e disse que Descartes tinha que ligar o foda-se! Palmas, ovações. O nome foi aprovado. O bloco foi batizado com o nome de “Descartes Ligou o Foda-se”.
– Vai ser engraçado ver esta turma de barrigudos sambando – o garçom comentou baixinho, mas todos ouviram.
– Somos um baleal mesmo! – falou Laís que teve que explicar ao garçom que baleal é o coletivo de baleia. Mas a palavra baleia inspirou o Osíris, o músico da Orquestra Sinfônica, compor o samba-enredo.
E o bloco saiu no carnaval cantando a marchinha “Moby Dick Sem Colesterol”, que era assim: “Não existe alegria na anorexia/ gosto das fofas, e gosto das baleias/ branquinhas ou de cor/ canta e dança minha sereia cheia/ E é pra ti todo meu ardor. Vem, vem, meu amor/ Não existe Pequod do lado de baixo do Equador”.
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