A FOTO
O garçom abriu a cerveja e o homem que ia ser assassinado encheu o copo. O homem que ia matá-lo, que estava ao lado, tirou do bolso uma foto três por quatro. Primeiro olhou para o retrato e depois olhou para o homem, conferindo. Colocou a fotografia sobre o balcão e perguntou:
– É você?
O homem olhou a foto e deu um quase sorriso.
– Você piorou muito – disse o assassino – Está mais feinho.
– A vida moi as pessoas – o homem comentou. – Essa foto é de 25 anos atrás; eu era jovem, bonitão, ia me casar.
– Com dona Isaura.
O homem fez que sim com a cabeça e continuou a revelar seu passado com uma careta de dor e alívio, como se estivesse lancetando um furúnculo
– Isaurinha estava grávida quando me foi tomada pelo traficante Josiel. Nem lutei por ela – o amor da minha vida –, fui covarde, deixei pra lá. – O homem fez esforço para um dar de ombros, como se o peso da vergonha que carregasse dificultasse o gesto. Bebeu um gole de cerveja e olhou para o desconhecido.
– O filho do Josiel é meu. Acho que aquele bandido nunca soube que eu sou o pai.
– O Josiel ficou sabendo ontem.
– BANG!
O assassino deu só um tiro (no rosto feinho), pegou a foto três por quatro e saiu do bar.
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