O casal estava à mesa tomando o café da manhã.
— Sonhei com a vaca – ele disse de repente.
— Joga no bicho – ela sugeriu, colocando leite na xícara.
Ele tentava se recordar do sonho.
— Eu acho que comi a vaca, não sei...
— Claro que comeu. Você não é vegetariano. Pelo contrário, adora uma churrascaria. Que há de mal nisso ?
Ele ia dizer que conhecia a vaca, mas se calou. Sorriu. O sonho o fez relembrar sua infância na roça. A vaca perto do barranco, ele, menino, de calças arriadas, enfiando seu sexo naquele quente desconhecido. Viu-se menor do que era, viu a vaca maior do que era. Sentiu-se felliniano. E gostou disso. E saiu feliz para o trabalho.
A esposa foi arrumar a cama. Sentiu algo frio, molhado e pegajoso quando pegou o pijama dele. Havia uma mancha molhada na calça. Ela sacou: ele tinha tido uma polução noturna. Pensou que ele poderia ter sonhado com alguma mulher, talvez um das novas estagiárias do trabalho dele. Atirou com ciúme o pijama no cesto pra lavar:
— Vai ver, sonhou com alguma vaca !
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