O ano novo me veste como roupa nova
As cores não combinam
Desabotôo o botão do colarinho que aperta no pescoço
Está folgado na cintura
E me aperta no calcanhar
É meu primeio dia com 2011
E sei que depois de umas lavadas
Tudo se ajeitará
E em dezembro ele estará um trapo
- Que jogarei no lixo -
E 2012, então, me vestirá
Comigo foi sempre assim
Desde 1951.
VESTI 2011 E SAÍ POR AÍ
sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
NOITE INFELIZ
A mãe distrairia os filhos e o pai entraria de Papai Noel e colocaria os presentes sob a árvore.
Antes da meia-noite ambos fizeram o combinado.
Com os filhos fora da sala, o pai entrou de vermelho e barbado.
Quando retirava do saco os presentes veio a lembrança
De seus natais pobres quando criança.
Agora podia dar um Natal rico aos seus filhos – quanta mudança!.
O coração não resistiu a tanta emoção e ele caiu enfartado.
As crianças encontraram sob a árvore vários pacotes e o Papai Noel empacotado.
PAI É PAI
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
– Sonhei com nosso pai.
– Meu irmão, graças a Deus nosso velho tá morto e sonhar com ele não é sonho, é pesadelo.
– No sonho eu disse para o papai que estava na pior: doente, desempregado, nome sujo na praça, fodido paca. Ele me ouviu e com um sorriso bondoso me disse apenas alguns números: 6, 15, 4, 1, 19 e 5. Eu acordei e pensei: “Papai apareceu pra mim para me dar os números da mega sena acumulada”. Corri até a loteria e joguei. Enquanto esperava o resultado sair no sábado fiquei pensando nele, comecei a achar o pai um cara legal, relevei o que ele fez com a gente, pensei até em mandar rezar uma missa pra ele.
– E aí? Saiu o resultado da mega sena e...?
– Não acertei nada. Deram outros números completamente diferentes. Aí eu fiquei olhando para o cartão, aqueles números deveriam ser uma mensagem cifrada. E era. Cada número correspondia a uma letra do alfabeto: o 6 era “F”, o 15 era a letra “Ó”, o 4 era o “D”, 1 o “A”, 19 o “S” e o 5 era “E”. Meu pai, no sonho, ouviu minhas queixas e disse: FODA-SE.
ALQUIMIA
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
A alquimia é a ciência da transformação, da compreensão da natureza fundamental do universo e de todos os seus componentes. Um alquimista de talento seria capaz de transformar qualquer coisa em qualquer outra coisa. Os alquimistas buscaram o ouro, pois ele representa o estágio final do processo alquímico, a substância transformada pela última vez e não mais transformável. O ouro é símbolo da riqueza e do poder.
Helenius Gongorius foi um alquimista da idade média que durante toda sua vida fez a transmutação não só de metais, mas de várias ervas pois também era famoso herborista. Os anos se passavam e na sua sanha em busca da fórmula do ouro, Helenius ia misturando em seus alambiques toda sorte de produtos e enlouquecia a cada experiência fracassada. Tomado pela obsessão, ia descartando automaticamente seus experimentos alquímicos; e nesse afã, nem viu que jogara fora uma poção que valia mais do que o ouro: a fórmula da Coca Cola.
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