A campainha tocou. Abri a porta. Um homem baixo, de terno escuro se apresentou.
— Sou Geraldo, pistonista profissional. O senhor, por acaso, não estaria precisando de ouvir algumas músicas?
Estranhei. Era a primeira vez que um músico batia na minha porta com uma proposta desta, tão singular. Curiosamente, eu estava precisando ouvir algumas músicas. Convidei o músico a entrar. Ele entrou, sentou-se no sofá, retirou seu pistom da caixa preta e por vinte minutos me deleitou com as músicas do seu repertório e duas peças que sugeri e que ele prontamente atendeu.
Quando terminou, o pistonista guardou o seu instrumento na caixa preta.
— Quanto é? — perguntei.
— 200 reais — me respondeu.
— O senhor vai me desculpar — eu estava constrangido — mas eu só tenho 50 reais aqui comigo.
— Mais barato do que isso não pode ser — disse ele com uma delicadeza que não escondia uma ponta de gravidade. — Você sabe, eu sou um profissional, já executei o serviço.
Eu tinha que resolver o problema. Pedi ao pistonista que esperasse um pouco. Fui até o meu quarto e peguei a minha máquina de escrever. Voltei à sala e escrevi 150 reais de poemas, completando assim a quantia pedida pelo músico.
O pistonista guardou as cédulas e os poemas em sua carteira, pegou o seu pistom e se foi em busca de um novo freguês.
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O Pistonista
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
Marcadores: contos e causos
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