DESPEDIDA DE SANTO
O santo queria deixar de ser santo
Para tanto, organizou uma orgia
Chamou amigos, santas e sacripantas
Para uma bacanal que duraria dias e dias.
O santo tinha feito um balanço
De seus milagres e curas
Deu saldo positivo,
Para ficar no negativo
Praticou oito coitos e nove curras.
Cansei-me de ser aquele beato
Que ao mijar no meio do mato
Faz as flores ficarem mais belas.
Que ao cagar no chão – na maior agrura –
Vem depois um leproso, pisa e o pé se cura.
Transformar água em vinho, que me interessa?
Se nem sou sommelier
Curar aleijados, fazer um cego enxergar?
Grandes coisas pra quem é do metier
Faço isso e outras causas nobres
Sem dinheiro do governo
Sem pedir voto aos pobres.
Por ser um santo remédio
Ouço o tempo todo obrigados
Por graças que dou de graça
Isso me mata de vergonha,
Morro muito mais de tédio
Juro que constrangido eu fico.
Por Deus! Meu ouvido não é penico!
E o santo brasileiro
Tão assediado pelos fiéis
Tão casto e tão com tudo
Não é mais milagreiro
Deixou os bons, não foi pros cruéis.
Foi ser normal, como todo mundo.
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Historias encolhidas (1)
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
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